fevereiro 17, 2010

LETRA CURSIVA OU CAIXA ALTA?


Por que as crianças devem aprender a escrever com letra de fôrma para depois passar para a cursiva?


Esta escolha está relacionada ao processo de construção das hipóteses da escrita. Durante a alfabetização inicial, os pequenos trabalham pensando quais e quantas letras são necessárias para escrever as palavras. As letras de fôrma maiúsculas são as ideais para essa tarefa, já que são caracteres isolados e com traçado simples - diferentemente das cursivas, emendadas umas às outras. O aprendizado das chamadas "letras de mão" deve ser trabalhado com crianças alfabéticas, que já têm a lógica do sistema de escrita organizada. Antes de estarem alfabetizadas, elas entram em contato naturalmente com as letras cursivas e as de fôrma minúscula e até podem ser apresentadas a elas, desde que tal contato fique restrito à leitura.
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/criancas-devem-aprender-escrever-letra-forma-depois-passar-cursiva-428549.shtml

  • ACOMPANHE, ABAIXO, UM TRECHO DO ARTIGO DE TERESINHA KNOB DA SILVA QUE TAMBÉM TRATA DESSE ASSUNTO

O DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS

(Terezinha Knob da Silva)

Desde o início do processo da escrita a criança deverá visualizar as letras do alfabeto como apoio nos diferentes tipos de letras, pois no meio social, elas diferem em formatos e cores. Sugerem-se cartazes de preferência fixados para facilitar a visualização.
Considero importante que o professor combine com seus alunos qual será o tipo de letra utilizado para não haver misturas. A total liberdade da criança em escolher qualquer tipo de letra dificulta a alfabetização e a legibilidade da escrita. Orienta-se que para o início da alfabetização a letra mais indicada seja a letra maiúscula, conhecida como “caixa alta”, pela facilidade do traçado na fase em que a criança ainda apresenta dificuldades motoras ou perceptivas. Por se tratar de caracteres isolados facilita a contagem das letras, pois é importante para que a criança possa fazer a relação entre símbolo e som.
Além da facilidade do traçado bem definido da letra “caixa alta” e acelerar o domínio da escrita também evita confusões que as letras de imprensa minúsculas podem ocasionar como no caso do b e d ou p e q que podem ser facilmente confundidos pela criança.
Como alfabetizadora não considero necessário e nem recomendável utilizar as letras de imprensa minúsculas na escrita da criança, seu uso justifica-se apenas na leitura. Por isso, ressalto a importância da visualização do alfabeto onde a criança possa se apoiar e internalizar o formato de cada letra.
A escrita requer apenas o conhecimento do traçado das letras e a correspondência aos sons. Implica num conhecimento mais profundo dos conceitos lingüísticos. Para isso faz-se necessário um intenso trabalho de percepção visual e auditivo relacionando palavras com sons iniciais ou finais iguais, quadrinhas com rimas, trabalho com rótulos, trava-línguas onde sons se repetem, nomes de pessoas, de objetos, produção de texto coletivo são atividades que podem auxiliar na aceleração do processo de leitura e escrita.
A letra cursiva no início da alfabetização aumentaria a dificuldade para a criança se alfabetizar. O traçado dessa letra exige uma boa coordenação motora. A partir do entendimento de como ocorre a combinação, após estarem lendo, os alunos por iniciativa própria adotarão a escrita com letra cursiva. Essa transição será tranqüila se foi proporcionado contato visual com a letra cursiva no decorrer do processo de alfabetização.
Escrita e leitura andam juntas, uma aperfeiçoa a outra. Exercitar diferentes produções textuais e reestruturação de textos escritos pelas crianças aumenta cada vez mais a autonomia e o entendimento da estrutura, organização de idéias e os elementos gramaticais que fazem parte do texto.
Tudo passa por um bom planejamento, ambiente alfabetizador, material adequado, muito preparo e dedicação do professor. Este necessita ter conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e como a criança aprende melhor.
Assim como a criança aprende a falar naturalmente, a escrita não pode ser uma atividade que exige esforço, muito pelo contrário, deve ser construída aos poucos e de maneira prazerosa e interessante. Escrever não deve apenas ser um exercício escolar, é uma forma de comunicação que deve se estender para além dos limites da escola deve fazer parte da vida.
Quanto maior a familiaridade com materiais escritos, maior facilidade a criança terá em reconhecer, compreender o texto escrito e os seus usos.


Referências Bibliográficas
CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfabetizador. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo.
LEITE, Márcia, Delorme Maria Inês. Um Salto para o Futuro. MEC Programa 06. Data: 19/04/95.
SERKES, A. M. B; MARTINS, S.M.B. Trabalhando com a Palavra Viva Ed. Renascer LTDA vol I, 1996.
VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

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