outubro 21, 2009

A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS

A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS PARA AS CRIANÇAS

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Como recurso psicopedagógico a história abre espaço para a alegria e o prazer de ler, compreender, interpretar a si próprio e à realidade.

Por que contar histórias para as crianças?

A história é uma narrativa que se baseia num tipo de discurso calcado no imaginário de uma cultura. As fábulas, os contos, as lendas são organizados de acordo com o repertório de mitos que a sociedade produz. Quando estas narrativas são lidas ou contadas por um adulto para uma criança, abre-se uma oportunidade para que estes mitos, tão importantes para a construção de sua identidade social e cultural, possam ser apresentados a ela.
Um dos principais objetivos de se contar histórias é o da recreação. Mas a importância de contar histórias vai muito além. Por meio delas podemos enriquecer as experiências infantis, desenvolvendo diversas formas de linguagem, ampliando o vocabulário, formando o caráter, desenvolvendo a confiança na força do bem, proporcionando a ela viver o imaginário.Além disso, as histórias estimulam o desenvolvimento de funções cognitivas importantes para o pensamento, tais como a comparação (entre as figuras e o texto lido ou narrado) o pensamento hipotético, o raciocínio lógico, pensamento divergente ou convergente, as relações espaciais e temporais (toda história tem princípio, meio e fim) Os enredos geralmente são organizados de forma que um conteúdo moral possa ser inferido das ações dos personagens e isso colabora para a construção da ética e da cidadania em nossas crianças.
Muitas vezes, basta ler um bom livro, uma boa história! Essa pode ser, por si só, uma experiência enriquecedora para alunos e professor, na qual muitas coisas estão em jogo: fruição de um texto, aumento de repertório literário e desenvolvimento de um comportamento leitor.

Qual a diferença entre ler e contar uma história?

São duas coisas muito diferentes, porém ambas muito importantes. Um texto escrito segue as normas da língua escrita, que são completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando uma criança ouve a leitura de uma história ela introjeta funções sintáticas da língua, além de aumentar seu vocabulário e seu campo semântico. Porém, aquele que lê a história deve dominar a arte de contá-la, estar preparado suficientemente para fazê-lo com apoio no texto, sabendo utilizar o livro como acessório integrado à técnica da voz e do gesto.
Além disso, quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história; promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.
Há opiniões divergentes neste campo: alguns autores consideram que o contador sem o livro tem mais liberdade de acentuar emoções, modificar o enredo segundo as reações da criança e portanto, melhor comunicação com o público infantil. Teria ainda mais disponibilidade para trabalhar sua voz e seu gesto.
Somos partidárias, neste aspecto de que o importante é como ler e como contar, porque é preciso que se tenha técnica e preparo para despertar o desejo e o prazer das crianças.
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Como selecionar histórias para ler ou contar?
A escolha do livro deve atentar para a boa qualidade do texto e das ilustrações. O professor lê a história antecipadamente e a avalia positivamente.. A história é condizente aos interesses , possibilidades e necessidades dos seus alunos? Além disso, o professor gosta e se encanta com a história. Um professor encantado pelo texto tem muito mais chance de encantar seus alunos, entusiasmando-os para a leitura.
O professor pode ler inicialmente os textos que as crianças gostam e conhecem, para que possam construir conhecimentos significativos sobre a leitura. Progressivamente, para que avancem, pode introduzir a leitura de novos textos (sempre considerando as características de seus alunos e qualidade do texto).
Segundo Luiza Lameirão, existem dois tipos de histórias: aquelas que servem de alimento para a alma, permitindo a transmissão de valores e de imagens arquetípicas fundamentais para a construção da subjetividade; e aquelas que servem para despertar o raciocínio e o interesse da criança para formas de agir e estar no mundo- são chamadas histórias matéria - importantes para a estruturação dos aspectos objetivos de nossa personalidade. Estas últimas devem ser selecionadas de acordo com o desenvolvimento cognitivo do ouvinte porque exigem maior compreensão racional e analítica.

Como ler e contar histórias?

A leitura pelo professor pede algumas condições: uma boa entonação, acompanhando o enredo da história ou as características das personagens; a leitura fiel do texto escrito, sem substituir palavras “difíceis” ou omitir trechos. Os leitores têm sempre direito ao texto integral e a compreensão do leitor se dará pelo conteúdo geral do texto. Assim eles terão mais chance de aumentar seu vocabulário e de conhecer o estilo de cada escritor.
Em cursos de capacitação pode-se adquirir as competências necessárias para se contar histórias, aprendendo as técnicas básicas de voz, gesto, materiais de apoio, dentre outras.

Podemos destacar algumas orientações básicas para contar histórias:
• Escolha leituras que tenham ligação direta com o sexo, a idade, o ambiente familiar e o nível sócio econômico da clientela.
• Incentive as crianças diariamente, contando pequenas histórias sem mesmo ter o livro nas mãos.
• Use entonação de voz atraente, sem exageros, faça suspense, faça drama, se emocione, expresse sua opinião sobre o tema e dê oportunidade para que a criança também apresente sua opinião.
• Enriquecer a narração com ruídos (onomatopéias) como miau! Au! Au!
• Movimente o corpo (olhos, mãos e braços), mas sem exageros.
• Evite cacoetes como: aí... então... entenderam... não é?
• Crie a “hora da história”. Na escola, um bom horário é após o recreio para acalmar a turma; em casa pode ser à noite, antes de dormir;
• Determine um dia ou horário para cada aluno ler ou contar uma história. Não force ninguém.
• Em casa, estimule a criança a recontar a história que ouviu; compre livros, dê livros de presente em aniversários, natal e outras festividades;
• Sempre que possível sente-se no nível das crianças.
• Explique quando necessário, o significado das palavras novas.
• Preserve a atenção das crianças no local em que a história está sendo contada. (muito barulho, pessoas estranhas interrompendo, etc.).


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Cláudia Marques Cunha Silva - Mestra em Engenharia de Produção com ênfase em Mídia e Conhecimento pela UFSC; Psicopedagoga, coordenadora do Núcleo Sul Mineiro da ABPp; Docente de vários cursos de Pós-Graduação em Psicopedagogia no sul de Minas, tais como: UNINCOR, UNIVAS, UEG-Campus Divinópolis, UCAM, UVA (Convênio com Aprender-atividades integradas) e FEFC- Formiga.

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